Após agenda em Bento Gonçalves, na manhã desta segunda-feira, 20, na qual reuniu-se com prefeitos da região e visitou os alojamentos onde estavam os trabalhadores resgatados do trabalho análogo à escravidão, o Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, esteve em Caxias do Sul para dialogar com trabalhadores e a imprensa local sobre a necessidade de combater o trabalho precário, ou análogo à escravidão. Inicialmente, esteve em um almoço na nova sede do Sindicomerciários Caxias e depois, já no início da tarde, participou de um evento no qual debateu o tema com os presentes no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo, “o Ministro vem a região devido a um fato triste. Um assunto que pensávamos já estar encerrado,” disse Assis se referindo aos casos de trabalho análogo à escravidão. Melo também apresentou demandas, como a valorização real do salário mínimo e a necessidade da correção na tabela do Imposto de Renda. “Isso para nós trabalhadores será o maior aumento real que teremos na história do país. Para reconstruir o Brasil precisamos garantir os direitos do nosso povo e essas são bandeiras importantes”, disse.
Sobre o salário mínimo, o Ministro respondeu que a partir de maio o valor será R$ 1.320,00. “Já temos grupo montado com as Centrais Sindicais para debater a valorização do salário mínimo.” A respeito da correção da tabela do Imposto de Renda, afirmou que o presidente assumiu o compromisso de fazer até o final do mandato a isenção para quem recebe até R$ 5 mil.
Luiz Marinho destacou também que o melhor sindicato é aquele que é o mais forte possível. “Estamos fazendo um grande esforço para reconstruir o desmonte realizado da máquina pública, incluindo o fechamento do próprio Ministério do Trabalho.”
Sobre a reforma trabalhista, o Ministro destacou que “teve o objetivo de quebrar, asfixiar o movimento sindical brasileiro. Nós temos a obrigação de trabalhar um processo de reorganizar, reconstruir, para poder representar a classe trabalhadora. Queremos construir com as Centrais e com os Sindicatos a revisão de pontos da Reforma Trabalhista e também qual a melhor estrutura sindical para melhor representar os trabalhadores.”
MANIFESTO
O presidente da CTB RS, Guiomar Vidor, entregou ao Ministro o manifesto “TRABALHO DECENTE, SIM! TRABALHO ESCRAVO, NÃO!”, aprovado durante seminário realizado na Câmara de Vereadores.
Vidor, que estava acompanhado da secretária geral da CTB RS, Eremi Melo, disse que não é mais admissível que ocorram casos de escravidão moderna no Brasil como os recentes registrados no Estado. “Lamentavelmente, após a reforma trabalhista e o governo Bolsonaro, muitos empresários passaram a agir como se não houvesse mais nenhuma Lei. Por isso é muito importante que recuperemos a legislação que protege o trabalho”, enfatizou.
Vidor finalizou afirmando que a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras é pela recuperação da nação, com democracia, direitos, empregos, valorização do trabalho, igualdade e desenvolvimento com justiça social. “Essa perspectiva é que pode gerar um futuro com dignidade para o nosso país, essa luta deve ser de todos. Nosso desafio é mobilizar a sociedade e o sistema produtivo nacional”, disse. O dirigente também considera crucial a batalha pela redução da taxa de juros. “Sem a redução dos juros do Banco Central o país não vai conseguir andar pra frente”, alertou.
Mais cedo, em Bento Gonçalves, o Ministro do Trabalho visitou o alojamento no qual 207 trabalhadores em situação semelhante à escravidão foram resgatados. Ele também se reuniu com prefeitos da região, deputados e órgãos fiscalizadores. O principal objetivo do encontro foi alinhar estratégias para organizar o setor e evitar situações semelhantes nas próximas safras da uva.
“Pra chamar atenção, primeiro do problema, que nós queremos evitar que outros aconteçam. Não é discutir somente com o pessoal do arroz e do vinho. É discutir com as outras culturas também. Que é preciso antecipar, na hora, antes de iniciar, faça um contrato do setor inteiro, organize os prestadores de serviço de qualidade, faça os contratos adequados, que dê conta de uma remuneração decente para todos elos da produção que tenha na sua eventual safra, e isso vale também para a indústria. Não é só o campo não, vale pra indústria, pra serviço, pra comércio, nós queremos que o Brasil seja livre do trabalho análogo à escravidão e exploração da mão de obra infantil”, disse.
Estiveram presentes lideranças sindicais, deputados e deputados além de outras autoridades locais.
DA REDAÇÃO, com informações Sindicomerciários Caxias, Sindicato dos Metalúrgicos e G1
IMAGENS: Rodrigo Positivo